Visite o Roteiro da Grande Mata Ancestral

Porto Seguro: um dos destinos mais visitados do Brasil. Conhecida por suas praias, sua história e sua noite boêmia, 2,5 milhões de pessoas chegam aqui todos os anos em busca de descanso, diversão e memória.

A apenas 45 minutos do centro turístico mais agitado da região, existe outro caminho. Um portal para a Grande Mata Ancestral. Pouco conhecido, quase secreto. Por ele passam uma média de 20 pessoas por dia, enquanto, do lado de fora, multidões seguem sem saber o que estão perdendo.

Neste pedaço do país onde nasceu o nome Brasil, três parques nacionais formam um corredor de biodiversidade e cultura:

  • Parque Nacional do Pau Brasil
  • Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal
  • Parque Nacional do Descobrimento

São vizinhos, complementares, a própria definição de riqueza natural e diversidade cultural.

Aguçando os sentidos

No centro de visitantes do Parque Nacional do Pau Brasil começa uma experiência que transforma e que se expande já no Mirante da Sede, na Trilha do Vale do Saber e na Trilha das Aves, atrativos preparados para quem não quer ou pode adentrar a área florestal mais distante, mas ainda assim deseja vivenciar uma experiência em meio à mata que se encontra em processo de restauração.

E para quem quer e pode, seguindo por onde corre o antigo “Rio do Brasil”, hoje chamado Rio da Barra. Um parque nacional que abriga uma das  únicas cachoeiras em área protegida de Porto Seguro. Um salto d’água escondido, que só se revela a quem aceita molhar os pés e caminhar no suave fluxo, com a água na altura das canelas.

A recompensa é um cânion estreito, de paredes de barro forradas de musgo e vida. Um cenário que parece saído de um sonho: delicado, silencioso e surpreendente. Mas esse é apenas o começo.

No Parque Nacional do Pau Brasil você descobre, ou melhor, aprende a ver, a árvore que deu um novo nome à nossa terra, antes chamada de Pindorama, que significa Terra das Palmeiras em Tupi.

Escasso, majestoso, denso e raro: o pau-brasil pode passar despercebido aos olhos desatentos, mas está lá, como testemunha de séculos de exploração e como promessa de permanência. Nas trilhas do parque, além da história, brotam bromélias gigantes, orquídeas inesperadas, uma floresta sobre solo arenoso chamada muçununga, e as marcas sutis da fauna que resiste.

No Monte Pascoal, a caminhada até o topo é conduzida por indígenas Pataxó. A trilha é histórica. Foi ele que os europeus avistaram o que chamariam de “terra à vista”. Mas é também simbólica: representa o reencontro com o que fomos ensinados a esquecer. Cada passo é uma aula viva de botânica, de resistência, de cosmologia. Do alto do Monte, a floresta se revela por inteiro, e o que parecia plano vira relevo, o que parecia denso vira paisagem.

Muita gente já passou dias dentro do Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal sem saber. A badalada Caraíva, está dentro do parque e a charmosa e tranquila Corumbau faz fronteira, revelam que esse território protegido vai muito além da trilha até o topo.

No Parque Nacional do Descobrimento a floresta fala por si. Árvores centenárias, trilhas silenciosas, animais que se escondem, mas deixam pistas. A gameleira gigante. A juerana. As antas jardineiras.

E a travessia do parque, que leva o visitante da mata às aldeias Pataxó, revelando que o conhecimento da natureza não está somente nos livros, mas também e de forma complementar nas vivências e nas histórias contadas durante a caminhada ao lado de quem habita e respeita esse lugar.

Esta mata é conhecida pelos Pataxó pelo nome de Maturembá, que significa mata densa, mata alta.

Esses parques não são apenas pontos no mapa, são convites

Convites para ficar mais tempo. Para sair do lugar-comum e mergulhar naquilo que realmente transforma. Para trocar o consumo pelo encontro. O agito pela escuta. A selfie pela experiência.

Afinal, o que é o Brasil, se não a união de suas paisagens, seus povos, suas histórias? E que outro lugar do país reúne, com tanta potência, floresta, mar, rio, mangue, restinga, fauna, cultura viva e conhecimento ancestral?

Neste extremo sul da Bahia, o Brasil se mostra inteiro. E te espera de braços abertos como um portal para que você também veja pela primeira vez. E, ao ver, jamais volte a ser o mesmo.

Ponto de partida: Parque Nacional do Pau Brasil

Milhões de turistas chegam a Porto Seguro todos os anos. É uma cidade vibrante, com infraestrutura completa, praias famosas e muito movimento. Mas poucos sabem que, a menos de uma hora dali, começa um outro tipo de experiência. É possível chegar em poucos minutos a um Parque Nacional.

A 45 minutos do centro da cidade, o Parque Nacional do Pau Brasil oferece trilhas de fácil acesso, muita biodiversidade e umas das únicas cachoeiras do município: a Cachoeira do Jacuba. Ali, a visita começa pelo Centro de Visitantes, onde é possível aprender sobre a árvore símbolo do país, o pau-brasil, e ambientes  como a muçununga. Entre trilhas curtas para caminhada, mirantes e trilhas longas para passeios de bicicleta e até mesmo competições esportivas, o visitante encontra bromélias gigantes, pequi-preto e, com sorte, até um tamanduá-mirim ou outro animal de maior porte.

Alguns destaques:

  • Observação de aves raras e endêmicas, inclusive com presença de harpia, conhecida como gavião-real
  • Trilha exclusiva para ciclismo recreativo e esportivo, além de mais de 40 km da trilha de longo curso Caminhos do Brasil Original sinalizados
  • Exposição permanente: “O berço do Brasil original” no centro de visitantes
  • Os paus-brasil ou pau-brasis centenários
  • As bromélias gigantes na Muçununga
  • O banho de cachoeira na Cachoeira do Jacuba
  • Observação de aves raras e endêmicas, inclusive com presença de harpia

Clique aqui para acessar o roteiro detalhado do Parque Nacional do Pau Brasil

Rumo ao sul: Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal – Caraíva e Corumbau

Saindo de Porto Seguro, o caminho segue em direção ao extremo sul do município, passando por Arraial d’Ajuda e Trancoso até chegar à vila de Caraíva, onde a estrada termina e o rio começa. Aqui começa o Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal.

Antes da subida ao Monte Pascoal, a sugestão é conhecer o setor litorâneo, começando por Caraíva. Não deixe de explorar o mangue em silêncio, remando de caiaque. A experiência é suave, quase meditativa, como uma caminhada sobre a água: o corpo desacelera e os sentidos se aguçam. É uma forma de se aproximar do território com respeito, deixando que ele revele seus detalhes, em vez de tentar decifrá-los com pressa.

A seguir, vale reservar um período para a vivência cultural na Reserva Pataxó Porto do Boi, que acontece dentro do parque e também em território indígena. É uma oportunidade de conhecer a história, os rituais e a cultura Pataxó diretamente com os moradores da aldeia.

O acesso à Reserva Pataxó Porto do Boi pode ser feito pelo rio (de caiaque o lancha com os nativos de Caraíva) ou com os bugueiros Pataxó.

De buggy é possível atravessar o parque até o extremo sul, onde fica mais um rio e mais uma Aldeia, a Aldeia Bugigão. De lá o visitante pode fazer um passeio de barco pelo Rio Corumbau e adentrar o manguezal, com a condução de guias indígenas Pataxó. O caminho até o Porto da Onça revela ecossistemas costeiros pouco conhecidos e uma visão rara do Monte Pascoal ao fundo.

Caso opte por pernoitar em Corumbau, que significa “lugar longe de tudo”, vilarejo vizinho ao parque, aproveite para se deliciar com a contemplação dos astros em um dos céus mais escuros do país, onde, nas noites abertas, é possível observar o centro da via láctea a olho nu.

Resumindo a parte litorânea do parque, alguns destaques:

  • Participar de uma vivência na Reserva Pataxó Porto do Boi (banho de ervas, pintura corporal, roda de conversa, consagração do rapé, gastronomia ancestral)
  • Passear de canoa ou SUP no mangue do rio Caraíva
  • Conhecer a restinga e observar o Monte Pascoal na trilha do Porto da Onça

Seguindo pelo Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal – subida ao Monte Pascoal

A trilha até o cume do Monte Pascoal começa na Aldeia Pé do Monte e é guiada por condutores indígenas Pataxó. A caminhada atravessa mata densa e convida o visitante a ver a floresta de dois jeitos ao mesmo tempo: por dentro, sentindo seus detalhes, e de cima, percebendo a imensidão verde que se estende até onde a vista alcança. Mais do que paisagem, o percurso é também encontro com a história, com os saberes Pataxó e com a origem do próprio Brasil.

Alguns destaques:

  • Grande potencial para observação de aves
  • Trilha guiada até o cume do Monte Pascoal com condutores indígenas Pataxó
  • Mirantes e árvores gigantes ao longo do percurso
  • Visitar o Monumento da Resistência dos Povos Indígenas

Clique aqui para acessar o roteiro detalhado do Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal

Fechando o circuito: Parque Nacional do Descobrimento

Seguindo em direção ao sul, o próximo destino é o Parque Nacional do Descobrimento, próximo aos municípios de Prado e Itamaraju. Esse parque abriga uma das maiores áreas contínuas de Mata Atlântica no Brasil. A visita pode ser feita por trilhas como a da Gameleira, do Tambor e da Juerana, cada uma com histórias próprias.

Outra grande atração é a Travessia, que é a união das Trilhas da Lagoa e de Cumuruxatiba, a primeira ligando a portaria à Lagoa “Só Não Vou” e a segunda a Lagoa à Aldeia Pataxó Gurita, passando por trechos de floresta densa e pontos cênicos. A visita, a partir da Lagoa, deve contar com acompanhamento de condutores e com experiências de etno turismo.

Alguns destaques:

  • Conhecer as árvores gigantes: gameleira, parajú e juerana
  • Admirar e tomar um banho de lagoa na Só Não Vou
  • Admirar a vista do mirante, as copas das árvores por cima
  • Observação de aves e o vem passarinhar Cumuru

Clique aqui para acessar o roteiro detalhado do Parque Nacional do Descobrimento

Resumo logístico do roteiro

  • Duração mínima recomendada: 5 a 7 dias
  • Melhor ponto de entrada: aeroporto de Porto Seguro
  • Recomendações: agendamento prévio com condutores e operadores locais, atenção à tábua de marés para atividades em mangues e rios, uso de calçados confortáveis, roupas leves, protetor solar e repelente

Esta página foi produzida mediante parceria técnico-financeira do WWF-Brasil