Conheça o Roteiro da Grande Mata Ancestral
No extremo sul da Bahia, há uma região que revela quem somos: a minha, a sua, a nossa história. Nossa pluralidade, nossa beleza e nossa resiliência.
Três Parques Nacionais que, juntos, contam sobre a complexidade de um país feito de encontros, contrastes e reconstruções. Aqui, a natureza e os povos têm muito a dizer. Basta escutar.


Parque Nacional do Pau Brasil

No Parque Nacional do Pau Brasil, a pergunta que não quer calar. Você saberia identificar um pau-brasil numa floresta? Sabe como é sua casca, sua folha, sua flor, seu cheiro? Por que será que foi (e continua sendo) tão cobiçado? Ou será que, como tantos de nós, você só conhece essa árvore pelo nome do país e das vezes que deparou com ele nos livros?
“Brasileiro” era o português que residiu no Brasil e que voltou rico à sua pátria, já que o sufixo ‘-eiro’, é usado para indicar profissões, como em ferreiro ou padeiro. O nome revela bem o ofício: o brasileiro era, literalmente, aquele que em geral estava vinculado à extração e comércio do pau-brasil. Quem pertence e protege esta terra talvez deveria ser chamado de brasiliano: mais que brasileiros, esses parques nos convidam a ser brasilianos. A pertencer. A conhecer antes de consumir. A proteger antes de explorar.
Esta espécie de árvore, que deu nome a um país inteiro, hoje sobrevive em raros pontos da Mata Atlântica. Cresce devagar. Vive muito. E, quando adulta, se impõe volumosa, densa, resistente. Ao caminhar por esse parque, podemos enfim encontrá-la. E talvez ela também nos encontre. Porque há árvores que carregam nomes. Mas há também nomes que carregam histórias. E o pau-brasil é os dois.
Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal

No Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal está o famoso pico que, segundo a história, foi avistado pelos portugueses ainda a bordo das caravelas. A lendária “terra à vista” ainda existe, e pode ser visitada. É um dos últimos remanescentes contínuos de Mata Atlântica do sul da Bahia, onde o mar encontra a montanha e convida à reflexão. O monte era chamado pelos indígenas de Monte das Araras – Egnetopni Ará – em patxohã, a língua Pataxó.
Essa região guarda mais do que paisagens. Ela resguarda camadas da nossa identidade: o que fomos ensinados a ver, o que ignoramos, o que ainda podemos aprender.
Povos indígenas estavam aqui muito antes de qualquer bandeira ser fincada. Pataxó é o povo indígena descendente mais próximo dos indígenas que ocupavam esse território em 1500. E seguem aqui até hoje, nas aldeias dentro do território, preservando saberes, resistindo e ensinando.
Parque Nacional do Descobrimento

No Parque Nacional do Descobrimento, o tempo parece ter outra densidade. Aqui, árvores centenárias seguem de pé. Não apenas porque resistiram ao tempo, mas porque, por algum acaso, resistiram ao corte. Antes de ser parque, durante 20 anos uma multinacional holandesa realizou o manejo florestal nesta área, com corte seletivo de madeira para a indústria moveleira.
Essas árvores viram de tudo. Carregam em seus troncos grossos uma história não escrita. Elas estavam aqui antes de nós. Estão aqui ainda hoje. O que diriam, se pudessem falar? Talvez não falem como nós, mas ensinam do seu jeito. Com sombra, com silêncio, com presença.
Neste parque entendemos, de verdade, que não se trata de descobrir. Tudo já estava aqui. Nós não descobrimos essa floresta. Nós aprendemos com ela. Aprendemos a olhar, a respeitar, a nos sentir parte. Porque a floresta é antiga e está viva. Continua ensinando quem tem disposição para aprender.
Monte Pascoal, Descobrimento, Pau Brasil: três Parques Nacionais em um roteiro da Grande Mata Ancestral
Três camadas de uma mesma história. Aqui, a natureza não é cenário. É personagem. E também autora.
Esses territórios nos lembram que identidade não se herda, se cultiva, se aprende, se escolhe. Não há um único Brasil. Há muitos, e todos cabem aqui.
Ao visitar esses parques, você não está só conhecendo lugares. Está se encontrando com o tempo, com a terra e consigo. Se permita caminhar por esses caminhos antigos. Porque neles, o que se descobre, na verdade… é o que já estava lá. Esperando ser reconhecido.

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Esta página foi produzida mediante parceria técnico-financeira do WWF-Brasil