Por ser tão pouco falado e conhecido por aí, poderíamos começar dizendo que o “Parque Nacional do Alto Cariri esconde-se nas montanhas da divisa entre a Bahia e Minas Gerais”. Mas, a cadeia pode ser vista de longe, chamando a atenção e aguçando a curiosidade de quem passa dezenas de quilômetros de distância. Por isso, o “Parque Nacional do Alto Cariri” exibe-se nas montanhas que dividem o Extremo Sul da Bahia e Minas Gerais.

Este parque é bastante recente, foi criado há 12 anos. Quando foi criado havia um parque estadual do lado mineiro com o mesmo nome, o que causa confusão. O parque estadual continua existindo e não foi incorporado ou substituído pelo parque nacional de mesmo nome. As áreas complementam-se protegendo centenas de nascentes e o habitat do muriqui-do-norte, uma espécie em perigo crítico.

Não encontramos a razão do parque ter esse nome

O parque nacional, como falamos, foi criado depois do parque estadual de mesmo nome. Sabemos que o nome foi copiado. Mas a origem do nome do parque estadual é incerta. Não há um rio chamado Cariri na região, não há registro de povos indígenas Cariri e nem relação com a região metropolitana do Cariri no Ceará. Se descobrirmos, atualizaremos aqui. Se você encontrar o motivo, favor nos avise.

A ameaça é dada pela perda de habitat. O mono-carvoeiro, como também é conhecido, vive em florestas de altitude, requerendo árvores de grande porte para comportá-los. Ou seja, estão cada vez mais espremidos nos pequenos remanescentes de mata que ainda temos de pé.

Seria maravilhoso se conseguíssemos usar o aprendizado de décadas da Jane Goodall e seus resultados na proteção a primatas na África.

https://www.nationalgeographic.org/education/channel/jane-goodall/

O Parque Nacional do Alto Cariri, apesar da beleza e importância, ainda não é um símbolo de conservação completa. É um parque muito novo. Diferente dos parques que foram criados nos anos 1930 a 1960, quando ele foi criado em 2010 grande parte da área já havia sido desmatada para dar lugar a pastagens.

As pastagens continuam tanto para gado de corte quanto de leite, ameaçando também as nascentes e os leitos de rios, muitas áreas de proteção permanente não são respeitadas. É comum passar por pastagens para chegar até as cachoeiras.

Este parque fica no município de Guaratinga, mas o acesso é pelo distrito de Monte Alegre. Monte Alegre está praticamente dentro do parque nacional, mas o turismo ainda é pouco e geralmente em termos de bate-e-volta de Porto Seguro.

Por esse motivo, há pouca infraestrutura turística para hospedagem e alimentação. Apesar de Monte Alegre ser o ponto de partida para a maior parte dos passeios a cachoeiras, Santo Antônio do Jacinto em Minas Gerais oferece mais infraestrutura e pode ser uma melhor opção para estadia.

Os Montes são a grande atração do parque: para onde você olha estão as montanhas fazendo os mais diversos formatos e desenhos, refletindo o sol a cada momento de uma forma diferente. E a alegria do povo também é cativante. Não somente na cidade, como em qualquer ponto dentro do parque.

Por abrigar tantas nascentes, este parque é repleto de cachoeiras, inclusive a 9a mais alta do Brasil. Pois é, impressionante saber que essa riqueza toda da natureza está exposta e disponível, mas que pouco conhecemos e ainda é pouco aproveitada pelo turismo. O cachoeirismo tornou-se um dos principais atrativos da região e aponta, junto do ciclismo, como uma grande oportunidade para visitar.

Não somos escaladores, mas a impressão que dá é que deve haver ali algumas montanhas ainda pouco exploradas. E dada a quantidade de água nascendo nas montanhas, vemos um potencial de trilhas de longo curso, começando da parte onde a floresta está mais protegida, na divisa, onde vivem os muriquis-do-norte, percorrendo a crista e descendo por uma das várias cachoeiras.

As cachoeiras ainda são tão pouco visitadas que os nomes remetem às pessoas que lá vivem ou viviam até pouco tempo atrás.

Cachoeira de Inácia

Chegando lá vimos que a previsão do tempo não tem qualquer utilidade neste local. As altas montanhas ditam o ritmo das nuvens e fazem o tempo instável. Por sorte fomos conduzidos pelo Guilherme que é nascido e hoje é um entusiasta condutor da região. Ele sabia da instabilidade e levou até lona para que o mau tempo passasse.

A queda aqui acontece em uma laje de pedra bastante longa, que não permite banho, mas permite admirar a vista das montanhas. Lá embaixo há um poço para banho, e as águas aqui não chegam a ficar geladas, mesmo que o tempo esfrie.

Cachoeira de Bel (ou Bel Preto)

Alguns rankings a colocam como a 9a, outros como a 7a mais alta do Brasil. Fato que seus 280 metros de queda somente podem ser observados à distância. Chegando perto, a sucessão de quedas é tanta que somente observamos os seus trechos. É lá onde é feito o cachoeirismo. É possível visitá-la desde baixo, onde há um poço para banho, e de cima, com a bela vista do vale.

Cachoeira do Gargantel

É a mais próxima da cidade e de mais fácil acesso. Há ali uma prainha, um poço com diversas profundidades onde inclusive as crianças podem se divertir (vale lembrar que cachoeiras sempre representam riscos!). O ponto alto dela é a gruta que fica atrás da queda. A primeira vista parece uma gruta pequena, mas ao entrar vimos praticamente uma sala se abrir.

Foi lá onde passamos o Um Dia no Parque 2022, acompanhados de entusiastas, do Guilherme condutor e dos brigadistas e outros servidores do parque com suas famílias.

Cachoeira Cansa Urubu (oficialmente São José)

Difícil julgar uma cachoeira como a mais bacana para se banhar. Mas achamos que ali havia o melhor espaço para ficar por um bom tempo curtindo a cachoeira.

O nome dela é por conta da trilha, que é cansativa e sempre na subida. Dá a impressão de que subimos para chegar e subimos para voltar também, como se isso fosse possível. No entanto, das trilhas que temos feito em outros parques, acaba sendo uma mediana dificuldade, pois há uma estrada bem demarcada, apesar de não haver sombra.

Cachoeira de Pingo

Esta nos pareceu a cachoeira com o melhor conjunto com o ambiente natural. Afastada e já quase na divisa com Minas Gerais, a mata ao redor está mais bem protegida e nos levou de volta às florestas densas da Mata Atlântica, com espécies de xaxins e jussaras. No entanto, o acesso para banho acaba prejudicado pela quantidade de troncos que vêm com as chuvas. Mesmo assim, a visita é obrigatória.

Foi um grande prazer conhecer este parque. Vimos um parque ainda em estágio inicial de estruturação, mas que, com o apoio da comunidade e dos condutores, certamente se tornará um polo de atração turístico na região. Afinal, não é em todo lugar que se encontra tantas, tão fortes e belas cachoeiras como no Alto Cariri. E ainda mais com a hospitalidade do pessoal de lá.

No link você pode acessar o mapa por onde passamos e ver em detalhes onde fica cada localidade citada acima:

9 comentários em “Parque Nacional do Alto Cariri: o parque dos montes alegres

  1. Delmir Marquesini says:

    Região sem a mínima estrutura p turista,nem estrada q pode considerar como estrada tem,as prefeituras não potrolam as estradas,se turista se aventurar tá ferrado

    • dennishyde says:

      Vá sim, Janeth. A natureza supera a pouca infraestrutura. E ao irmos visitar, impulsionamos que a região tenha um caráter cada vez mais turístico, melhorando ainda mais a infra. Fazemos parte desse ciclo virtuoso. Abraços

  2. Thais says:

    Que trabalho maravilhoso vocês estão fazendo por todos nós! Muito obrigada pelo conteúdo riquíssimo, organizado e inspirador!
    Os parques são grandes geradores de renda, fortalecendo a natureza e as pessoas que vivem na região. Bora visitar os nossos parques gente!!!! 🙂

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