O Parque Nacional de Brasília é conhecido como Parque Água Mineral. Ele tem tudo o que é necessário para proporcionar aos visitantes “o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico”, conforme previsto na Lei que definiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC): proximidade a uma grande cidade (logo turistas e pesquisadores), fauna e flora bem conservados, acesso fácil, estacionamento, banheiros, vestiários, bebedouros e, o que é mais importante, água. Além disso, é um parque que beira os 60 anos de idade, então houve tempo suficiente para desenvolvimento.

Mas em algum momento o foco do parque parece ter enveredado para um aspecto mais preservacionista (lembrando que estamos falando de uma unidade de conservação), colocando seus frequentadores distantes da natureza.

Preservação pressupõe manter intocável, Conservação pressupõe utilizar de forma responsável

Ao disponibilizar piscinas para uso público e trilhas para percorrer de bicicleta, o parque atrai centenas de milhares de pessoas para visitação. Vemos isso de forma muito positiva! Mas, à medida que o Parque Nacional de Brasília não permite que os visitantes acessem uma camada mais profunda do parque, seja nos campos de cerrado ou na represa de onde vem 25% da água de Brasília, muita oportunidade de conhecer e, com isso, conservar, é perdida.

Sabemos que nem todos optariam por entrar mais a fundo no parque, conhecer a represa, a fauna e a flora. E tudo bem! Cada um se relaciona com o parque e com a natureza da forma que achar que deve! Mas ainda não entendemos por que essa opção sequer é dada.

Fica o convite ao Parque Nacional de Brasília para abrir os atrativos de campos de cerrado e visitação à represa ao público

Formulamos algumas hipóteses com base nas conversas que tivemos com (todas!) as pessoas que estavam no parque quando fomos visitá-lo. Associamos a cada uma delas uma sugestão de melhoria em itálico:

  • Os atrativos de campos de cerrado e represa ficam longe da entrada: o parque conta com uma extensa rede de estradas por onde os atrativos poderiam ser acessados de carro, se for muito longe para ir a pé
  • Mesmo que acessados de carro, poderia haver uma perturbação dos animais: o acesso pode ser restrito a alguns veículos por dia
  • Pode haver uma perturbação do trabalho dos brigadistas, além do risco de incêndio: em épocas com maior risco de incêndio ou elaboração de aceiros, o acesso poderia ser restrito
  • Os frequentadores podem mal tratar, atropelar, alimentar ou se ferir com animais: além de ser parte da educação ambiental, disponibilizar guias para acompanhamento permitiria que o uso fosse realizado de forma consciente, minimizando eventuais riscos

Quando mais longe ficarmos do ambiente natural, menos saberemos qual a nossa relação com ele, nossa dependência e nossa responsabilidade

O que saber e fazer antes de ir ao Parque Nacional de Brasília

  • Há um único acesso ao parque, fica a cerca de 10km do centro
  • O acesso é por estrada de asfaltada, há estacionamento gratuito fora e dentro do parque
  • Há sinal de 4G no parque
  • A venda de ingressos é feita na portaria, não há opção de comprar pela internet
  • Há banheiro, vestiário e bebedouro próximo às piscinas
  • Não há lanchonete ou restaurante, apesar de haver uma infra-estrutura antiga
  • Convém se certificar sobre os requisitos para uso das piscinas; Como fomos em época de Covid, as piscinas estavam fechadas, não sabemos se é necessário exame médico prévio
  • As trilhas do parque são auto-guiadas
  • O parque é bastante acessado aos finais de semana pelos frequentadores das piscinas, gerando filas e possibilidade de extrapolar o número máximo de visitantes

A Trilha da Capivara percorre diversas fitofisionomias do Cerrado: Mata Seca, Campo Úmido, Campo Cerrado e tem aproximadamente 1,2 km de extensão. Apesar de bonita e agradável, a trilha tem corrimãos em toda sua extensão, colocando os frequentadores distantes da natureza. Por ser um parque amplamente visitado e dentro da cidade, esperávamos mais em termos de interpretação ambiental (identificação de árvores, localização das fitofisionomias) e não entendemos a necessidade de um corrimão em toda sua extensão.

A Trilha Cristal Água são três círculos concêntricos com diferentes tamanhos: 5, 10 e 15 km. Isso permite que todos saiam e retornem ao mesmo ponto, onde há um chuveiro aberto. Consideramos que essa não era uma trilha, mas um caminho de passagem de carro, novamente sem possibilidade de interação com o ambiente ou qualquer indicação de mirante, ponto de interesse. Convém fazer a trilha de bicicleta ou nos extremos do dia, pois não há sombra ou local para descanso. Leve muita água (há bebedouros no parque, mas quando fomos, não havia água).

A Ilha de Meditação é uma pequena faixa de terra quase totalmente circundada por água limpa (vimos muitos peixinhos por lá). Nessa ilha não há sombra, acompanhamos pessoas encontrando carrapatos. Não nos sentimos confortáveis em sentar no banco ao sol para apreciar ou meditar.

O parque tem duas piscinas, a Pedreira e a Areal, que são os grandes atrativos. Em tempos fora Covid é permitido pagar uma tarifa mensal para acesso às piscinas, onde são dadas aulas. Como estava tudo fechado, mal conseguimos vê-las e entender melhor como funciona. Os únicos funcionários que estavam no parque eram terceirizados e nenhum deles estava disposto ou era capacitado para nos orientar minimamente.

Nossa experiência, como descrevemos acima, foi muito ruim. No entanto, esperamos voltar ao parque em uma próxima oportunidade e mudar essa percepção. Escrevemos e ligamos previamente diversas vezes, não fomos atendidos ou respondidos.

No link você pode acessar o mapa por onde passamos e ver em detalhes onde fica cada localidade citada acima:

Um comentário em “Parque Nacional de Brasília – o parque clube

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