Um parque nacional ou internacional?

O parque nacional do Monte Roraima cobre toda a faixa setentrional (extremo norte) do Brasil com mais de 116 mil hectares (a cidade de SP tem 152 mil hectares), incluindo o Monte Caburaí, o ponto mais ao norte do nosso país.

Aliás, até 1932 o Monte Roraima era considerado o ponto mais setentrional do Brasil, cedendo lugar ao Monte Caburai: https://www.gov.br/icmbio/pt-br/assuntos/biodiversidade/unidade-de-conservacao/unidades-de-biomas/amazonia/lista-de-ucs/parna-do-monte-roraima/arquivos/encarte1-consideracoes-gerais.pdf

O parque é sobreposto à Terra Indígena Raposa Serra do Sol, onde vivem os povos Ingarikó, Macuxi, Patamona, Taurepang, Wapichana. Hoje é permitida a visitação somente ao tepui do Monte Roraima.

Observação: podemos ter cometido não intencionalmente algum equívoco na atribuição de povos indígenas aos seus territórios que ultrapassam as fronteiras dos países e os relatos históricos que aprendemos na escola e dizem respeito a um período a partir da chegada dos colonizadores ao continente americano.

Copiamos abaixo um texto do Instituto Sócio-Ambiental, que é referência no assunto de estudos e observatório das políticas públicas indigenistas, bem como o link para consulta mais aprofundada.

Os Taurepang se auto-designam Pemon, termo que significa “povo” ou “gente”. Pouco conhecido no Brasil, este etnônimo é empregado com uma freqüência muito maior na Venezuela, onde designa uma grande população indígena de língua Karib. A. B. Colson (1986:74) afirma existir na região fronteiriça entre Venezuela, Brasil e Guiana duas grandes unidades étnicas: os Pemon e os Kapon, sendo a primeira auto-designação dos Arekuna, Kamarakoto, Taurepang e Macuxi, e a segunda dos Ingariko e Patamona.

(…)

Em território brasileiro, os Taurepang localizam-se na porção norte da região de campos e serras do estado de Roraima, área fronteiriça entre Brasil, Venezuela e Guiana, tendo como vizinhos os Makuxi e Akawaio (no Brasil mais conhecidos como Ingarikó), de filiação lingüística Karíb, e os Wapixana, de filiação lingüística Aruák.

Na Venezuela, o grupo – aí designado Pemon – ocupa a chamada Gran Sabana, correspondente à porção sudeste do estado Bolívar. O território pemon compreende a parte superior da bacia do rio Caroni (…)

https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Taurepang

O tepui (tipo de meseta com paredes verticais e cume geralmente plano) tem 3,1 mil hectares (o Parna da Tijuca tem 3,9 mil hectares) e está dividido entre Venezuela (85%), Guiana (10%) e Brasil (5%).

Ou seja, 155 hectares do tepui são do nosso parque nacional, uma área semelhante à do Parque do Ibirapuera em SP (158 hectares). Parece pouco, né? Mas ali há um mundo.

Este não é o único parque nacional em região de fronteira, 5 dos 75 têm essa característica (quer saber quais? veja nosso mapa). Mas é o único parque nacional em que o acesso se dá por outro país. Salvo escaladores, o único acesso é pela Venezuela, que tem hoje 43 parques nacionais, através do enorme parque nacional Canaima.

Para chegar ao lado guianense é necessário pelo lado brasileiro também. Há um marco da tríplice fronteira, mas a verdade é que ali não há fronteiras físicas, ninguém exige passaporte. A nacionalidade não importa no topo, somos todos iguais. Não encontramos informações de que do lado Guianense seja um parque nacional, trata-se da região do Essequebio na qual há uma disputa com a Venezuela.

Diferente dos outros parques em que buscamos contar mais sobre eles e menos sobre o entorno, neste aqui não vamos fazer dissociação, falaremos do Monte Roraima como tepui.

Está na essência deste parque ter uma vivência internacional: passar uma fronteira para voltar ao Brasil; comer arepas de café da manhã; percorrer a “Gran Sabana” venezuelana para chegar às nuvens da evapotranspiração das florestas tropicais brasileira e guianense; praticar espanhol ou portunhol.

Uma montanha de respeito e o respeito pela montanha

Éramos 14 turistas numa expedição que movimentou diretamente 55 pessoas, entre guias, carregadores e motoristas.

A maior parte dos pouco menos de mil visitantes anuais fica lá por três noites (o que requer sete noites no total), mas há pacotes de cinco noites no topo (nove noites no total), que foi nossa opção: um pernoite em pousada na cidade de Santa Elena de Uairén, dois acampamentos na subida, cinco no topo e um na descida. Percorremos um total de 110-120km.

Os números são impressionantes: subiram 360kg de comida, 450 ovos, um botijão de 15kg de gás, 10 tubos de gás pequenos, além de barracas, cadeiras, pratos, talheres, baterias, cal. Desceram conosco 60kg de lixo (embalagens, restos de comida), 48kg de fezes, além de todo o material durável que subiu conosco.

Mais que os números, o que impressiona é o respeito. Não ficou absolutamente nada lá em cima, não usamos nenhum recurso além da água potável, ar puro e nossa energia.

Falando em energia, ali há alguns vales de cristais, onde ocorrem nascentes de rios que chegam até aqui embaixo. Conta a lenda que a alma dos guerreiros indígenas ficam eternizadas nos cristais acima do Monte quando morrem.

A retirada de cristas não é só recriminada (como deveria ser em todos os lugares), mas todas as mochilas são fiscalizadas ao chegarmos abaixo. Os fiscais indicam que há muito tempo não dão nenhuma multa, os turistas estão muito bem orientados pelas agências.

Conta a lenda também que ao levar cristais para fora da montanha o tempo muda e avisa os moradores de Paraitepuy.

Vemos constantemente notícias de montanhas (inclusive o Everest) que estão se tornando um grande lixo a céu aberto, impossibilitando que no futuro os visitantes possam conhecer da mesma forma. Também lugares onde as pessoas não contentam-se com a vivência ou uma foto, mas de onde levam pedras, plantas e até animais.

Aqui ficamos extremamente felizes de ver que o respeito pelo ambiente, pelo turista (são verdadeiros hotéis 5 estrelas lá no topo, falaremos especificamente sobre isso depois) e por quem trabalha é prioridade.

O turismo caiu muito depois da pandemia, por questões políticas (alguns países não têm relações com a Venezuela e os vistos são complicados) e financeiras (voar até Boa Vista saindo do centro-sul é caro). Mas… olha a vantagem: brasileiro não precisa de visto, nem de passaporte, basta o RG.

Com antecedência dá para comprar voos mais em conta. Não é barato, mas certamente é mais barato que ir a qualquer outro país fazer um roteiro semelhante em quantidade de dias.

Está aberto o ano todo, mas entre setembro e março ocorrem menos chuvas. Fomos em pleno carnaval, está tudo tão bem organizado que não cruzamos com quase nenhum outro grupo. A resposta para aquela pergunta sobre “quando ir”, no nosso ponto de vista é: assim que puder. O Monte Roraima certamente nos verá por lá mais algumas vezes.

Serra com fama de platô

Este é um dos parques ao qual mais tivemos acesso a fotos, vídeos e relatos antes de visitar. Mesmo assim, só estando lá para saber mesmo como é. Algumas coisas que não imaginávamos/sabíamos (ainda falaremos mais sobre alguns dos temas):

  • Do lado venezuelano há uma savana, do lado brasileiro uma floresta
  • A subida do paredão, apesar de parecer intransponível, é uma das partes mais tranquilas: poupe energia para descer
  • Talvez o sol seja o maior desafio: mesmo quando venta, há pouca sombra; as nuvens que te rodeiam aumentam a exposição: protetor solar sempre!
  • Lá em cima não há um platô; o solo é rochoso, mas com várias serras e fendas; lindas de ver, parece que estamos em outro mundo ou outra era
  • Lá em cima ficamos constantemente acima ou dentro de nuvens; você pode ficar parado em um lugar e tudo muda em 2 segundos: não dá vontade de sair do lugar
  • A quantidade de estrelas do céu são um espetáculo, fora que é um céu de hemisfério norte, diferente do que estamos acostumados
  • Os atrativos são lindos, mas o que fica mesmo é a caminhada, tomar banho de rio, se conectar com a natureza e com quem está contigo
  • Dizem que não há nascentes lá em cima, mas o Monte é conhecido como a mãe das águas; não há nascentes no plural, já que é tudo uma grande nascente
  • Não é à toa que a divisão dos países respeita as bacias hidrográficas: Orinoco (Venezuela), Essequibo (Guiana) e Amazonas, através do Rio Branco que corta Roraima (Brasil)
  • Muitas fotos que vemos são do tepui Matawi, que fica ao lado, conhecido como pai dos ventos; é lá onde nasce o rio Kukenán, que cruzamos (e onde nos banhamos) para chegar ao Monte Roraima: o parque nacional de Canaima tem 70 tepuis

Fora tudo o que não vimos, não anotamos ou não nos chamou a atenção? “Só indo para ver” aplica-se bem aqui.

Tepuis bilionários

Na língua taurepangue, Roröimo quer dizer “o grande verde azulado” por conta das cianobactérias que recobrem e colorem a rocha.

Estima-se que a Terra tenha 4,5 bilhões de anos e as cianobactérias tenham iniciado a vida há 3,5 a 3,7 bilhões de anos, criando o que chamamos de fotossíntese. O homo sapiens teria surgido há 200 mil anos.

E o que o Monte Roraima tem a ver com isso? Esta é uma das formações mais antigas da Terra: o escudo das Guianas tem 3,6 bilhões de anos, os depósitos de areia que formaram os tepuis têm 1,8 bilhões de anos.

Como comparação, a maioria das rochas que vemos da cidade do Rio de Janeiro foi formada há 500-600 milhões de anos, África e América teriam se separado há 100 milhões de anos, os dinossauros foram extintos há 66 milhões de anos.

As cianobactérias seguem por ali: formando nova vida, da mesma forma como fazem há quase 4 bilhões de anos. Elas acumulam-se nas pedras, geralmente em poças d’água. À medida que a água seca, elas morrem e deixam a matéria orgânica para que novas plantas apareçam por lá.

Nesse ambiente inóspito vivem diversas espécies de plantas carnívoras e há inclusive um sapo endêmico com as costas pretas e barriga alaranjada, que não salta, já que é topo de cadeia.

Ou era, pois há relatos de que os quatis conseguiram chegar lá em cima e ficaram. Diferente do sapo, que teria surgido ali e ficado confinado, os quatis, assim como nós, chegaram depois. Mas não vimos nenhum deles.

Contam que há alguns anos os quatis eram alimentados por turistas, ficaram acostumados e passaram a rasgar barracas atrás de “drogas”: açúcar. Preocupados com a segurança dos turistas, que criaram essa situação, muitos foram envenenados. Alguns ainda vivem por ali, mas somente os que aprenderam a evitar os humanos sobreviveram, então é raro vê-los.

Uma informação boa: além de antigo, é um dos poucos lugares do mundo onde não há evidências ou relatos de ter sido habitado por humanos, por isso é uma região muito bem protegida que tem o mesmo aspecto há pelo menos 3 milhões de anos.

Ufa, haja dados, hein? Vamos então voltar às histórias e lendas.

Mundo Perdido e Lago Gladys

Não há relatos se os indígenas subiam o tepui. Acredita-se que sim, mas o homem branco levou muitas décadas para encontrar um caminho, chegaram a acreditar que o cume seria inacessível. Em 1884 uma expedição inglesa chegou ao cume, coletou plantas e voltou, sem adentrar ao Monte.

Esse é o mesmo acesso que é usado hoje, por uma saliência inclinada onde fica o Passo das Lágrimas, partindo de onde é hoje a comunidade de Paraitepui (significa “sandálias do tepui”).

Foi com o relato da expedição inglesa, que chegou somente à beirinha da entrada, que Arthur Conan Doyle escreveu “O Mundo Perdido” quase 30 anos depois. Um relato fictício/fantástico escrito em 1912 é apresentado um mapa detalhado do tepui.

Até aquele momento não tinha nenhuma informação a respeito da existência de um lago lá em cima. Naquela época as informações corriam tão lentamente, que o livro retrata Manaus como uma pequena vila e não como uma cidade imponente na qual já havia se transformado pelo ciclo da borracha. Transformação da qual Doyle não tomou conhecimento por pelo menos 20 anos.

Mesmo assim, o livro descreve um grande lago, batizado de Gladys por um motivo que não daremos spoiler. Um lago que ninguém havia visto ou descrito ainda, que Doyle teria inventado ou sentido.

Quando o lago foi encontrado por primeira vez, já havia sido batizado com o nome de uma personagem de um livro. Uma total inversão de papéis. Não sabemos se Doyle tomou conhecimento da existência do lago depois de ter escrito o livro. Se você souber, conta para a gente.

Hotéis de bilhões de estrelas

Nove noites de expedição, dormindo cinco noites no topo? Sol, chuva, vento, frio? Acordar às 5h da manhã e caminhar 15km num dia? Tomar banho de rio na água gelada? Sem energia elétrica? Sem wi-fi ou 4G? Compartilhar banheiro?

Muitos dirão que é um programa-mico. Por incrível que pareça, a maior parte do nosso grupo foi até lá para poder se desconectar da internet e das redes.

Luxo hoje é conseguir achar um lugar onde não tenha uma JBL ao seu lado, onde não há motivo para olhar para uma tela a não ser tirar uma foto, onde não tem como fazer uma busca e o conhecimento de cada um se complementa.

Parece que na cidade, ou onde quer que haja algum sinalzinho de 4G não nos damos esse tempo, esse presente de ficar entre nós mesmos.

Por mais incongruente que possa parecer, usamos redes sociais para nos comunicar (pelo menos durante a expedição), o que vale na vida mesmo não está nas telas de luz azul.

Se você nunca se deu esse presente, não precisa ser no Monte Roraima ou mesmo por tantos dias. Pode ser o melhor presente da sua vida e só você pode dá-lo a si mesmo.

Aqui no Monte Roraima há um facilitador, o hotel de bilhões de estrelas intercala-se com um hotel 5 estrelas. Uma organização que nunca vimos: cadeiras para descanso e para as refeições, barracas montadas ao chegar ao acampamento (barracas com tamanho suficiente para duas pessoas e duas mochilas grandes dentro), comida farta e variada, mimos como chá levado na barraca na hora de dormir.

Para quem quiser, aluguel de equipamentos e carregadores pessoais. Banheiros secos para fazer número 2 com conforto e privacidade. Isso sem falar nos guias extremamente competentes e comprometidos com a expedição como um todo, com cada detalhe.

A montanha, o ambiente, as lendas, é tudo lindo. Mas tudo fica mais lindo quando você tem um conforto que te permite aproveitar ao máximo, quando o cuidado está sempre ao lado de uma forma simples e completa.

Makunaima vs Macunaíma

Uns meses antes de chegarmos aqui, nos falaram da relação do Monte Roraima com “Macunaíma”, de Mário de Andrade. Corremos para ler, mas não encontramos muito o que esperávamos. Como assim um herói sem caráter?

Consultamos outras fontes e víamos o Makunaima sendo descrito com muito respeito e admiração. Seria Makunaima o Macunaíma descrito por Mário de Andrade?

Mário de Andrade teria se baseado no “Vom Roroima zum Orinoco” de Theodor Koch-Grünberg, escritor alemão que teria recebido conhecimento de forma oral pelos Taurepáng, sem falar bem português ou a língua indígena.

Mêrivania Rocha Barreto, em sua dissertação de mestrado em Linguagens e Saberes na Amazônia, retrata que o alemão “não conseguiu traduzir o verdadeiro significado de uma das principais características do semideus indígena, de modo que houve uma distorção do sentido ao ser traduzido para a língua alemã”.

Ainda que “as narrativas orais não eram contadas da mesma forma, já que os dois informantes indígenas possuíam versões diferentes de uma mesma narrativa oral”. Ou seja, parece que Mário de Andrade retratou um Macunaíma que foi mal interpretado pelo alemão.

Veja no link abaixo o documento completo:

https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/view/2175-7917.2020v25n2p47

O Makunaima, segundo os indígenas, é filho do encontro do sol e da lua num eclipse, que teria crescido como guerreiro Macuxi. Havia uma árvore de todos os frutos, de onde brotavam bananas, abacaxis, tucumãs, açaís, tudo ao mesmo tempo.

Somente Makunaima podia colher seus frutos e distribuí-los. Alguns indígenas teriam subido para pegar galhos e plantar essa árvore em outros lugares, mas com isso a árvore de todos os frutos morreu e caiu.

A copa teria caído no inacessível norte, onde estão as grandes florestas. Parte do tronco teria permanecido como o Monte Roraima, para lembrá-los das experiências dos ancestrais. E a água sugada pelo tronco teria inundado o sul onde, como castigo, Makunaima teria lançado fogo sobre a floresta, tornando as árvores em pedras e o solo pobre.

Alguns dizem que Makunaima vive ali até hoje e que suas lágrimas descem pelos paredões formando os rios.

Mas as lendas são passadas de forma oral e há diversas versões a respeito. O que sabemos é que o Macunaíma descrito por Mário de Andrade não é o mesmo Makunaima respeitado até hoje pelos povos originários da região.

Atrativos do Monte Roraima

Dentre os atrativos do Monte estão os rios Tek e Kukenán, o “Paso das Lágrimas”, “El Foso”, “La Ventana”, as jacuzzis, o Lago Gladys, a Proa, o Vale dos Cristais, o rio Cotinga, a pedra Maverick (ponto mais alto), o ponto triplo…

Fora os “hotéis” onde ficamos, em geral cavernas ou tocas onde são montadas as barracas de cada grupo. E fora os pontos de banho, as vistas por todos os lados.

Mas o valioso não é ir, o lance é estar. Caminhar entre as nuvens, observar uma floresta que parece de bonsais, admirar como corre água por todos os lados. Olhar para uma paisagem, fechar os olhos e olhar de novo em questão de segundos e ver tudo transformado pela dança das nuvens.

Deixamos aqui algumas fotos dos atrativos para inspirar quem queira conhecer este lugar maravilhoso. Mas nada substitui a visita, estar ali, sentir o Monte.

“Letícia e Dennis, o que fica para vocês como lembrança principal?” Estar acima e no meio das nuvens, ver como elas sobem de um lado e provocam chuvas de outro. Sentir como a manhã, quando faz frio, é completamente diferente da tarde, quando o calor já dissipou a umidade. Ver o sol nascer abaixo de um cobertor de nuvens, mostrando todos os tons de rosa.

Como nós, seres de menos de 50 anos de idade nos relacionamos com este antigo monumento da terra.

Savana e savanização da Amazônia

Roraima é um estado bem diverso e diferente, ligado ao restante do Brasil somente através do Amazonas, tem florestas no sudeste e no noroeste; pantanal no sudoeste, lavrado/savana no nordeste.

Ele tem 3 parques nacionais: o Viruá, que já visitamos, o Monte Roraima aqui e o Serra da Mocidade, que não conseguimos acessar pela seca, voltaremos mais adiante.

O Monte Roraima parece ser um divisor de biomas: ao sul a savana, ao norte e dos lados as imensas florestas. O Monte é uma barreira de umidade que faz com que chova pouco ao sul dele, onde está a savana.

Será que ali sempre foi savana ou já foi uma floresta que se savanizou, interrompendo o ciclo de evapotranspiração?

Humboldt passou pela Venezuela na virada dos 1700 para os 1800 e relatou que o avanço da monocultura estava trazendo consequências irreversíveis aos biomas. Teria ele visto ali uma floresta ou uma savana? Quanto de todo o impacto teria sido ação humana? Naquela época os pés dos montes ainda seriam recobertos de florestas?

Caminhando por ali, é inevitável lembrar que estamos no bioma Amazônico, que não é uma coisa só. Mas também nos remete a locais por onde passamos e em que vimos o mesmo solo pobre e seco, onde a Amazônia foi ou é superexplorada.

Se o desmatamento na Amazônia chegar ao ponto de não retorno, que está próximo, é assim que tudo vai ficar? Sem árvores, sem corredores ecológicos? Um solo rachado, onde parece que nada além de um capim baixo brota?

Caso seja, o que podemos fazer para evitar isso? Será que somos todos devotos de São Tomé e só acreditaremos quando virmos, ou seja, quando for tarde demais? O que estamos fazendo para evitar a savanização da Amazônia?

No link você pode acessar o mapa por onde passamos e ver em detalhes onde fica cada localidade citada acima:

4 comentários em “Parque Nacional do Monte Roraima: o parque internacional

  1. Pingback: Serra do Divisor: o parque a perder de vista - Entre Parques BR

  2. Yara says:

    Que lugar. Meu sonho conhecer, e o pôr do sol de um ponto terráqueo desses? E observar a Via Láctea desde o Monte Roraima?
    Um prato cheio para quem ama estar assim. Sendo um com a terra.

    Vivo nos EUA a 6 anos e me sinto muito desconectada do Brasil. Meu sonho poder botar meu pés neste território sagrado com os olhos que hoje tenho, de cuidado e amor com nossas riquezas.
    A floresta intocada. E a terra sendo quem sempre foi.

    Estar tanto tempo assim direto em uma grande metrópole é desgastante.

    As experiências de vocês e a jornada que estão dando forma é realmente inspiradora.

    Quero muito conhecer o Monte Roraima. Obrigada por partilhar um pouco dessa experiência aqui!

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